25.4.09



“Ser livre”



Eu não quero ser livre!

Eu não quero ser livre para te matar,
Eu não quero ser livre para vos oprimir,
Eu não quero ser livre para violar.

Eu não quero ser livre para o poluir.
Eu não quero ser livre para me impor,
Eu não quero ser livre para vos constranger.

Eu não quero ser livre para torturar,
Eu não quero ser livre para te censurar,
Eu não quero ser livre para vos invadir.

Eu não quero ser livre para exterminar,
Eu não quero ser livre para vos alienar,
Eu não quero ser livre para te trair.

Eu não quero ser livre para sufocar,
Eu não quero ser livre para te abandonar,
Eu não quero ser livre para vos roubar a liberdade.

Livre sim quero ser mas para te libertar…

20.4.09



Deixar respirar

É tão bom respirar que nem sequer pomos em causa deixar de o fazer. Respirar é um acto que se inicia no primeiro segundo e sobre o qual, a partir de aí, velamos para que seja perfeito em todos os outros momentos da nossa vida. Se o ar, por este ou por aquele motivo, se torna sufocante buscamos urgentemente outro lugar. Se estamos em apnéia por submersão o regresso à superfície é sempre acompanhado de um arrepio de felicidade. Gostamos de respirar e para o recordar não há nada como uma inspiração consciente. Respirar requer ar, temperatura, espaço, ritmo e posição. Quem pratica natação, atletismo, ou canto, por exemplo, sabe também que a eficácia do processo pode ser aperfeiçoado fruto de uma aprendizagem.

Respiremos portanto.
Exijamos que nos deixem respirar.
Exijamos que nos deixem respirar no sentido literal e nos outros todos.

Tão bom como respirar é o consciente acto de deixar respirar, deixar respirar os outros, deixar respirar os outros que estão connosco e sobretudo deixar respirar a quem amamos.
A verdade é que se amamos alguém a sério queremos estar com essa pessoa na totalidade e a toda hora. Ora esse desejo incontrolável encerra dentro de si uma evidente contradição. Se guardarmos só para nós todo o tempo de outro alguém, esse alguém deixará o seu próprio tempo o que significa que desaparecerá. E se a pessoa que pensamos “ter” desaparece então não temos nada. E afinal só queríamos ter tudo.
Amar alguém é amar a sua respiração intrínseca a qual é fundamental deixar funcionar.
Quando se ama outra pessoa temos de a deixar respirar, por si, no mundo, para cima de nós eventualmente, mas sempre incondicionalmente.