3.11.08


Os meus santos sou eu que os canonizo. Os meus santos nem sequer estão mortos. Os meus santos estão sempre comigo porque de alguma forma um dia me cruzei com eles. Os meus santos são as mãos que estão debaixo das minhas sobre a minha cabeça.


O meu Tio Alberto


Com ele aprendi que o valor dos objectos não tem mercado, somos nós que lhes damos. Podemos amar os objectos como prolongamento de lugares ou vestígios de momentos, memória de pessoas ou constipações.Mas aprendi também com ele que cada objecto que adicionamos ao nosso ambiente deve fazer parte do conjunto numa perspectiva de odor único que corresponda à nossa forma de estar no mundo. A casa do meu Tio Alberto, não sei bem porquê, cheirava a um lugar onde nunca estive mas que por sua causa tenho ainda hoje um enorme fascínio a Escandinávia. A casa do meu Tio Alberto, não sei bem porquê, cheirava a Dinamarca, a Noruega, a Finlândia e um pouco a Suécia. Não sei bem porquê, era sempre esta a sensação que tinha quando estava junto dele, e nem mesmo as socas holandesas me pareciam objectos fora do contexto.

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