Projecto "Your text here" produzido em 2006 para uma convocatória de mail art promovida por Antonella Grota Giurleo para a biblioteca Gallaratese de Milão
6.12.08
5.12.08
“Noite”
Escuto-te
Ó voz da minha
Espantosa Tristeza,
E pela noite dentro prolongo
O cansaço da minha
Irremediável insónia.
Os meus olhos estão
Carregados de sono
Que não se consuma
Porque esperam em vão
O banho das lágrimas,
E os meus desejos buscam fogos
Que ardem sem calor
E se apagam negros e dobrados.
Ó luz da noite que
Claramente me recordas
A treva do Dia,
Apaga-te de uma vez
E dorme,
E deixa-me dormir também.
Espantoso Barbosa / poema 17
O Livro do Fantástico Espanto de Espantoso Barbosa / 1988
Escuto-te
Ó voz da minha
Espantosa Tristeza,
E pela noite dentro prolongo
O cansaço da minha
Irremediável insónia.
Os meus olhos estão
Carregados de sono
Que não se consuma
Porque esperam em vão
O banho das lágrimas,
E os meus desejos buscam fogos
Que ardem sem calor
E se apagam negros e dobrados.
Ó luz da noite que
Claramente me recordas
A treva do Dia,
Apaga-te de uma vez
E dorme,
E deixa-me dormir também.
Espantoso Barbosa / poema 17
O Livro do Fantástico Espanto de Espantoso Barbosa / 1988
4.12.08
Nem todas as cartas de amor são ridículas.
"Ne me quitte pas"
Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le cœur du bonheur
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants-là
Qui ont vu deux fois
Leurs cœurs s'embraser
Je te raconterai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
On a vu souvent
Rejaillir le feu
D'un ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas?
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas.
Jacques Brel / 1959
3.12.08
Feito à mão mesmo aqui ao pé…
Todos os anos faço os meus postais de Natal. Escolho um suporte e um número limitado de riscadores e, em cada tempo livre, no intervalo de reuniões ou nos momentos de debate sobre o sexo dos anjos, saco dos meus cartões e discretamente vou dando forma a mais alguns.
Todos os anos faço os meus postais de Natal. Escolho um suporte e um número limitado de riscadores e, em cada tempo livre, no intervalo de reuniões ou nos momentos de debate sobre o sexo dos anjos, saco dos meus cartões e discretamente vou dando forma a mais alguns.
Este ano escolhi um cartão castanho sobre o qual uso canetas pretas, brancas, prateadas e douradas.
2.12.08
1.12.08
Desarmar o presépio
Há tradições que tem graça entrar no jogo, mesmo que a fantasia seja aparentemente demasiado ingénua ou infantil. O Natal é uma delas. Toda a gente, ou quase (e digo-o com o maior respeito pelos se não incluem ou auto excluem), crente ou não, num país cristão ou até noutro, se deixa contagiar pela atmosfera que estes dias transpiram. E não o digo pela alucinada corrida às compras, presentes, roupas, enfeites etc. Digo-o porque, por mais fútil que seja o nosso natal, ele transporta sempre um pedaço incontrolável de reconciliação gerado no que de melhor e mais profundo tem a mensagem cristã (e isto independentemente do nosso ateísmo ou facção religiosa).
Quando há uns anos atrás quis fazer uma representação do presépio, procurei faze-lo, não sei bem porquê, a partir dos detalhes e não do todo.
A certa altura e depois de uma série esboços dei por mim a reflectir sobre como poderia ser contado um desfecho para este percurso anual.
É curioso que até diferem as opiniões sobre quando desmanchar o presépio, confirmando porventura que o autor, ou autores, preferiram deixar o final em aberto.
Mesmo assim, resolvi continuar a pensar na sequência lógica do evento.
Não parece que tenha havido bis mas o encore anual veio para ficar. Os reis satisfeitos com a confirmação dos seus prognósticos, certamente, terão regressado aos seus palácios encabeçando as suas imensas caravanas. Os pastores terão procurado novas pastagens, até porque o inverno não é propriamente a estação mais abundante. A estrela terá continuado a guiar outros místicos. Os anjos, sem duvida, terão de novo tomado assento no seu posto celeste. José terá pegado no Menino para o depositar ao colo da Senhora, já comodamente sentada no burro, e assim, em conjunto, partiram secretamente para o país dos faraós.
E a vaca? A vaca provavelmente ficou na gruta (ou estábulo). A vaca ficou porque esse é o seu lugar. Já lá estaria antes e ali continuou para aquecer mais meninos de que ninguém se lembra porque não nasceram no Natal.
Há tradições que tem graça entrar no jogo, mesmo que a fantasia seja aparentemente demasiado ingénua ou infantil. O Natal é uma delas. Toda a gente, ou quase (e digo-o com o maior respeito pelos se não incluem ou auto excluem), crente ou não, num país cristão ou até noutro, se deixa contagiar pela atmosfera que estes dias transpiram. E não o digo pela alucinada corrida às compras, presentes, roupas, enfeites etc. Digo-o porque, por mais fútil que seja o nosso natal, ele transporta sempre um pedaço incontrolável de reconciliação gerado no que de melhor e mais profundo tem a mensagem cristã (e isto independentemente do nosso ateísmo ou facção religiosa).
Quando há uns anos atrás quis fazer uma representação do presépio, procurei faze-lo, não sei bem porquê, a partir dos detalhes e não do todo.
A certa altura e depois de uma série esboços dei por mim a reflectir sobre como poderia ser contado um desfecho para este percurso anual.
É curioso que até diferem as opiniões sobre quando desmanchar o presépio, confirmando porventura que o autor, ou autores, preferiram deixar o final em aberto.
Mesmo assim, resolvi continuar a pensar na sequência lógica do evento.
Não parece que tenha havido bis mas o encore anual veio para ficar. Os reis satisfeitos com a confirmação dos seus prognósticos, certamente, terão regressado aos seus palácios encabeçando as suas imensas caravanas. Os pastores terão procurado novas pastagens, até porque o inverno não é propriamente a estação mais abundante. A estrela terá continuado a guiar outros místicos. Os anjos, sem duvida, terão de novo tomado assento no seu posto celeste. José terá pegado no Menino para o depositar ao colo da Senhora, já comodamente sentada no burro, e assim, em conjunto, partiram secretamente para o país dos faraós.
E a vaca? A vaca provavelmente ficou na gruta (ou estábulo). A vaca ficou porque esse é o seu lugar. Já lá estaria antes e ali continuou para aquecer mais meninos de que ninguém se lembra porque não nasceram no Natal.
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