1.12.08



Desarmar o presépio

Há tradições que tem graça entrar no jogo, mesmo que a fantasia seja aparentemente demasiado ingénua ou infantil. O Natal é uma delas. Toda a gente, ou quase (e digo-o com o maior respeito pelos se não incluem ou auto excluem), crente ou não, num país cristão ou até noutro, se deixa contagiar pela atmosfera que estes dias transpiram. E não o digo pela alucinada corrida às compras, presentes, roupas, enfeites etc. Digo-o porque, por mais fútil que seja o nosso natal, ele transporta sempre um pedaço incontrolável de reconciliação gerado no que de melhor e mais profundo tem a mensagem cristã (e isto independentemente do nosso ateísmo ou facção religiosa).
Quando há uns anos atrás quis fazer uma representação do presépio, procurei faze-lo, não sei bem porquê, a partir dos detalhes e não do todo.
A certa altura e depois de uma série esboços dei por mim a reflectir sobre como poderia ser contado um desfecho para este percurso anual.
É curioso que até diferem as opiniões sobre quando desmanchar o presépio, confirmando porventura que o autor, ou autores, preferiram deixar o final em aberto.
Mesmo assim, resolvi continuar a pensar na sequência lógica do evento.
Não parece que tenha havido bis mas o encore anual veio para ficar. Os reis satisfeitos com a confirmação dos seus prognósticos, certamente, terão regressado aos seus palácios encabeçando as suas imensas caravanas. Os pastores terão procurado novas pastagens, até porque o inverno não é propriamente a estação mais abundante. A estrela terá continuado a guiar outros místicos. Os anjos, sem duvida, terão de novo tomado assento no seu posto celeste. José terá pegado no Menino para o depositar ao colo da Senhora, já comodamente sentada no burro, e assim, em conjunto, partiram secretamente para o país dos faraós.
E a vaca? A vaca provavelmente ficou na gruta (ou estábulo). A vaca ficou porque esse é o seu lugar. Já lá estaria antes e ali continuou para aquecer mais meninos de que ninguém se lembra porque não nasceram no Natal.

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