25.2.09



Livros com gordura

Gosto de convidar um grupo de amigos para jantar.
Gosto de preparar uma ementa, arquitectar uma mesa, encadear os timings e contar uma história sobre o conjunto.
Já fiz alguns jantares temáticos e outros de festa (não tantos quantos gostaria). Os segundos são sempre melhores que os primeiros, até porque só são interessantes se se transformam nos segundos, e estes naturalmente recaem sempre numa temática aglutinante.

Cruzei este meu gosto com uma preocupação que me persegue e descobri uma provocação que enriquece os meus jantares.

Preocupa-me que os livros morram de tédio nas estantes, numa virgindade anónima e inútil, até que um qualquer “Fahreheit 451”, lhes devolva a imolação pelo fogo.
Uso os meus jantares para os resgatar temporariamente da prateleira alegando o pretexto de os usar como bases para travessas.
Claro que há o risco da gordura, mas, nesse caso, a nódoa será datada e classificada para a vida do exemplar em questão.
Por outro lado a sua aparição, irresistivelmente provocatória, obriga sempre algumas das mãos presentes a assumir o acto de os folhear quanto mais não seja para saciar a curiosidade de um associado par de olhos.
O caso mais interessante, consequência desta minha excentricidade, foi o que me levou a oferecer uma pseudo base de travessas ao convidado que surpreendentemente encontrou na mesa o livro que a bibliografia recomendada para a tese que estava a defender dizia estar esgotado.
Tema do jantar claro!...

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