23.1.09



Se as mariposas não morressem…

Quem me dera que o sabor de um beijo durasse tanto quanto a comichão da picadela de um mosquito, e que por sua vez, o incomodo de uma mordidela de um irritante insecto tardasse apenas quanto o sabor de qualquer pastilha elástica.

...

Durar, perdurar ou evaporar; anos, dias, horas e minutos; tempos e mais tempos; momentos e estados que se conjugam desconjuntadamente.

Para sempre é uma possibilidade tangível desde que corresponda a uma consciência temporal restrita. A eternidade é uma miragem demasiado abstracta para ser desejada.A mim basta-me não morrer nos próximos tempos. Num Novembro qualquer por exemplo.
Estar vivo é saborear a nossa própria eternidade, gozando um tempo sem começo recordado, num destino fatalmente adiado ante a visível e previsível falência do processo. Estar vivo é não estar morto agora, para sempre, até que isto acabe.


Se as mariposas não morressem ou o betão durasse mais que 80 anos, juntar-se-iam, uma inutilidade voadora a uma habitabilidade obstrutiva. A eternidade de uma mariposa está na descendência e a do betão no apodrecimento.

Sem comentários: