16.12.08



Viajar de comboio

Escolhi esta metáfora porque me parece aquela que melhor representa a felicidade.
Quando a refiro não a restrinjo à ideia do passageiro solitário. Antes pelo contrário. Sinto-a como uma espécie de miragem da feliz perturbação apaixonada de quem encontra, aceita e partilha companhia.

Viajar a dois sem carregar com o património, enfrentando simultaneamente todas as dificuldades, numa realidade que a todo o momento nos surpreende, quem poderá desejar mais?
Viajar e parar. Parar também, quantas vezes for necessário, mudar de comboio e, por força maior, eventualmente de companhia.

Viajar de comboio, o verdadeiro e não a metáfora, é assim como um filme acelerado várias vezes mas que do qual, por mistério, neste caso, não perdemos o discernimento e o prazer do deleite imagético. Era bom que a vida assim se sucedesse.

Com o comboio deixou de ser necessário um ponto de apoio para mover o mundo. Basta o comboio colocar os seus cavalos nos carris e o mundo começa logo a girar de baixo de si para se estacar assim que o maquinista o desejar (um físico dirá que o comboio é o ponto de apoio, acho eu). Por comparação poderemos também tentar faze-lo correndo. E que melhor exemplo dispomos do aquele do cinema : Run Forest run!!”

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